quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Histórias Bizarras - Capítulo 1

Episódio de hoje:

A Vaca e o Ninja.

Cara, às vezes um ficou completamente apavorado com o que se vê por aí hoje em dia. Não, não estou falando de crimes, pobreza, tragédias e filha-da-putice em geral. Estou falando de coisas bizarras, daquelas que te fazem querer o colo da mamãe, tipo Jack Nicholson em O Iluminado. Daquelas que desafiam as leis da probabilidade, tipo ser picado por uma aranha radioativa e ganhar poderes aracnídeos. Daquelas que te fazem perguntar “Porque justo eu, caralho?”, que nem Moisés perguntou para o arbusto (ou árvore, sei lá) em chamas.

Voltávamos Bola, Soldado e eu (o burro vem na frente) do cinema, domingo, por volta de meia noite – serei obrigado a concordar se questionares a masculinidade desse encontro, caro leitor – quando, ao longe, avistamos uma caminhonete parada na sinaleira. Na caçamba era possível distinguir duas silhuetas humanóides. Até aí tudo normal. Mas é quando uma situação parece normal é que a bizarrice se potencializa. Quando chegamos perto, para assombro geral, percebemos que na caçamba estavam uma vaca, com uma long neck na mão, e um ninja, a dupla mais improvável de se conjurar em qualquer viagem lisérgica. Paramos o carro atrás da pick-up e eis que a vaca pergunta para nós: “Vai um leitinho aí gurizada?”, imediatamente o ninja começa a ordenhar a mimosa sonopláticamente: “tsc, tsc, tsc”. A sinaleira abriu e aquela visão permaneceu perturbadoramente em nossas lembranças.

Supra-sumo da bizarrice master.

Abraços – The truth is out there.
Sor.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Comunicado da Guarda Costeira

Para divulgação imediata.

TRANSCRIÇÃO DO CHAMADO DE MAYDAY DO DER SCHULE

O navio Der Schule começou a fazer água no dia 26/11/2008. Esse é o chamado de mayday do Der Schule para a guarda costeira.

DS: (inaudível) Mayday, mayday, mayday. Aqui é o Der Schule. Alguém na escuta?

GC: Positivo. Guarda costeira na escuta. Câmbio.

DS: Para a guarda costeira, aqui é o Der Schule. Precisamos de um (inaudível). Nossa posição é (inaudível)... oeste. Nós estamos afundando, a casa de máquina já está cheia de água. Ok?

GC: Entendido que estão afundando. Repita a posição. Quantas pessoas a bordo? Câmbio.

DS: (inaudível). 246 pessoas a bordo. Câmbio.

GC: Entendido. 246 a bordo. Repita a posição. Câmbio.
...
Fim da transmissão.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Diário de Sobrevivência - Dias 08 e 09

24/11/2008 e 25/11/2008 – Dias 08 e 09.

A âncora ergueu-se junto com o sol no horizonte e os ventos que estufaram as velas sopraram embora a tranqüilidade vivida nos dois últimos dias. O convés encheu-se de movimento novamente. Todos trabalhavam para colocar a nossa nau mais uma vez em seu rumo. Quem dera fosse assim ao longo de toda a nossa jornada.

Cada homem em si é um mar de expectativa pelo final de nossa viagem. A ansiedade ferve em nossas veias, o trabalho borbulha no convés, a madeira estala, as cordas tencionam e as velas impelem nossa embarcação através dos sete mares. No leme, a mão de um único homem, mas é o labor de todos que torna a terra firme cada vez mais próxima.

Assim passamos esses dois últimos dias: a todo pano e em nosso rumo verdadeiro. Algumas ondas maiores fazem os mais desatentos perder o desequilíbrio no convés, mas logo são reerguidos pelos gritos do contramestre. “Atenção marujo ou vais aprender a nadar com os tubarões”.

Cada um sabe o que o espera ao fim da viagem. Construído com paciência ao longo dos meses ou no desespero dos últimos dias, chama-se destino e cada homem é responsável pelo seu.

Que Netuno nos proteja!

Faltam 21 dias para terra firme.
Ass: Sor – contramestre.

domingo, 23 de novembro de 2008

Engov pra quê???

Respondendo ao email de um amigo após uma festa.

Aí cara,

Não precisei de engov. A minha bebedeira foi curada pela viagem de táxi mais surreal da minha vida.

A coisa já começou estranha porque o táxi não levou nem 40 segundos pra chegar depois que eu liguei pra central. Quando eu abri a porta e olhei para o motorista, percebi - com alguma consternação, é verdade - que ele era a cara daquela caveirinha que fazia a abertura da série de Tv chamada Contos da Cripta. Não fosse o efeito do álcool poderia jurar que ouvi um lobo uivando, uma porta rangendo e som de correntes sendo arrastadas.

Quando falei pra subir pela Cristiano Fisher, o motorista pediu outro caminho, porque o Uninho não conseguiria subir. “Vamos por dentro”, sugeriu ele, o que significava passar no meio da vila Bom Jesus, que naquele carro parecia ser o mesmo que andar a pé na floresta das árvores mal assombradas. "Fudeu" foi a única palavra que me veio a mente. Por ser menos íngreme, decidi subir a Perimetral... cara, juro por Deus! Se eu fosse caminhando do lado do carro era capaz de eu passar por ele (é sério!). Carruagens de fogo foi a música que me veio na cabeça. Se eu colocasse o braço pra fora o carro parava. Como o velocímetro estava estragado, contei o tempo de subida: do jardim botânico até lá em cima, no viaduto da Protásio - uns seiscentos metros - foram quase 4 minutos. Em primeira!! Pelos carros que passavam por nós, imaginei que o tempo normal deveria ser de, no máximo, uns 30 segundos, nem isso. De longe vi uma sinaleira ficar vermelha, verde novamente e, graças a Deus, conseguimos passar no amarelo. Depois, lomba abaixo até a Anita, mas o sofrimento continuou: cada mudança de marcha parecia alguém dando uma martelada nos meus dentes. Descendo a Anita, preferi não pensar nas condições dos freios. Estava quase em casa.

Foi assustadoramente hilário. Com a descarga de adrenalina, fiquei sóbrio na hora e consegui acertar as três chaves em cada uma das respectivas fechaduras na primeira tentativa. Precisei ver 1/2 hora de Tv para ter sono novamente. Acordei zerado.

Depois dessa, engov pra quê?

Ass: Sor, o aventureiro da madrugada.

Diário de Sobrevivência - Dias 05, 06 e 07.

De 21/11/2008 a 23/11/2008 – Dias 05, 06 e 07.

Na alvorada do dia 21 (sexta-feira) avistamos a primeira das três ilhas que iremos encontrar ao longo de nossa rota. Pontos estratégicos para a tripulação descansar, fazer pequenos reparos no navio e reavaliar as estratégias.

Devido ao cansaço, o contramestre nada registrou em seu diário na sexta-feira, na ocasião da chegada à ilha. No dia seguinte, ocupou-se das atividades programadas para a data, até a noite, quando o capitão permitiu que os oficiais bebessem a vontade...




...um grande hiato formou-se na memória do contramestre, que conformado com a falta de dados consistentes para registrar, deixou seu diário de lado e tirou o domingo para recuperar-se, em absoluto repouso, de uma terrível dor de cabeça que o assolou até o fim da tarde, quando foi substituída por uma profunda decepção azul, preto e branca.

Amanhã seguiremos viagem.

Que Netuno nos proteja!

Faltam 23 dias para terra firme!

Ass: Sor - Contramestre.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Diário de Sobrevivência - Dia 04.

20/11/2008 – Dia 04.

Quinta-feira, dia da comunicação semanal entre contramestres, navegadores e capitães, que, via rádio, relatam suas desventuras pelos oceanos do mundo em seus navios. A maioria das embarcações já foi colida por borrascas e, fatalmente, perderem um ou outro marinheiro. Quem há muito dança sobre as ondas, sabe o quanto a morte é corriqueira para os homens que decidem se aventurar pelos sete mares e os mais calejados, diminutos frente a força da natureza, podem, no máximo, alertar aos marujos para que se preparem para enfrentar aquilo que os mais graduados enfrentam rotineiramente, ano após ano.

Todos os oficiais que participaram da comunicação aderiram ao consenso de que muito mar ainda está por vir e que é hora de disciplinar os sobreviventes e conscientiza-los que o momento exigi trabalho em turno dobrado no convés. Nem que as cordas abram feridas em nossas mãos, nem que a água salgada reaviva nossas chagas, nem que o sol fustigue nossos olhos, nós havemos de chegar.

Que Netuno nos proteja!

Faltam 26 dias para terra firme.

Ass: Sor - Contramestre

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Diário de Sobrevivência - Dia 03.

19/11/2008 – Dia 03.

Os ventos que sopravam forte trouxeram o amanhecer, anunciando que o dia seria laborioso para o navio e sua tripulação. A embarcação penetrou em uma faixa de mar perigoso e traiçoeiro e assim se manterá até quase o fim da viagem. O contramestre arrastou o seu corpo cansado para fora do alojamento em direção ao convés, onde os marinheiros de segunda classe já se preparavam para a primeira grande provação da parte final de nossa jornada. Tentando tornar a tarefa mais amena o contramestre permitiu que se organizassem em duplas de sua preferência para darem suporte um ao outro. Mesmo com os avisos do navegador, e até mesmo do capitão, alguns desafortunados não tomaram as devidas precauções para sobreviverem em um mar com ondas que formavam verdadeiros paredões.

Uma vaga colheu o navio a bombordo, fazendo-o adernar drasticamente. Os despreparados foram jogados ao mar. Enquanto as velas eram recolhidas, os botes salva-vidas foram lançados, partindo em busca dos homens que nadavam desesperadamente para se salvar. Dois deles recusaram-se a nadar em direção ao bote. Sem entender o porque desse comportamento, os tripulantes que remavam lançaram uma bóia para puxar os homens até a segurança. Mas não houve jeito, os marujos permaneceram indiferentes. Decidiu-se que não valia a pena, então, arriscar mais vidas para salvar duas almas que, aparentemente, se autocondenaram. Tomara que tenham aprendido a nadar sozinhos nos meses que se passaram, e atinjam a costa após o carnaval.

De volta ao navio, os homens resgatados agradeciam a nova chance para seguir viagem rumo a terra firme. A perda de companheiros foi um baque forte e todos se perguntavam que seria o próximo a nos deixar.

Que Netuno nos proteja!

Faltam 27 dias para terra firme.

Ass: Sor – Contramestre.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Diário de Sobrevivência - Dia 02.

18/11/2008 – Dia 2.

A manhã começou mais tarde para o contramestre, como tem ocorrido toda a terça-feira.

Chegando para o trabalho no convés os marinheiros de primeira classe estavam agitados e indisciplinados como sempre, mas sempre muito amigáveis e simpáticos. Um grupo onde impera a camaradagem. Infelizmente a correção de exercícios de hidrostática não parecia estar na lista de suas prioridades. Azar o deles! O trabalho, a organização e a disciplina na embarcação são tarefas sob a tutela do contramestre e, se necessário fosse, estava disposto a chicotear os insubordinados, ou até mesmo me valer da prancha, se o capitão estivesse de acordo. Aos trancos o trabalho foi parcialmente concluído e, observado o sinal, o contramestre encerrou as atividades. A camaradagem tornou a reinar.

O passo seguinte foi uma jornada dupla com os marinheiros de segunda classe, que protestaram, argumentando que nem a 2ª Lei da Termodinâmica, nem o ciclo Otto têm qualquer utilidade para uma vida no mar e que portando duvidavam da necessidade de adquirir tais conhecimentos. Temendo que esse pequeno ato de rebeldia pudesse virar um motim, argumentei de forma ríspida que esse pensamento tendia para a mediocridade e que, caso insistissem em mantê-lo, jamais poderiam aspirar a um posto de comando, nem sequer em um caiaque. O semblante emburrado foi o que o contramestre mais observou após o chiste.

25 minutos após a passagem meridiana o sinal tocou, encerrando as atividades da manhã. Intervalo para almoçar e ver Globo Esporte. Aproveitando uma inesperada calmaria o contramestre retirou-se para seus aposentos onde tirou um breve sestia.


O ventou voltou a soprar indicando que estava na hora de trabalhar novamente. O contramestre corrigiu algumas provas, preparou outras e organizou seus cadernos de chamada.

Dia cheio amanhã. Que Netuno nos proteja.

Faltam 28 dias para terra firme.

Ass: Sor – Contramestre.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Diário de Sobrevivência - Dia 01

O fim do ano é uma verdadeira prova de fogo para alunos e professores. Faltando exatamente um mês para o fim das aulas já é possível saber quais são aqueles alunos que estão com uma situação mais tranqüila (trabalharam para isso ao longo do ano), aqueles que ainda estão com algumas matérias pendentes (perfeitamente normal) e aqueles que estão completamente desesperados (enlouquecedor). É desse último grupo que parte as maiores situações de stress.

O fim do ano letivo deve ter algum efeito de clarividência, ainda que tardio, sobre alguns alunos e pais que somente agora se dão conta das reais possibilidades de uma reprovação. No desespero, uma pequena minoria acaba questionando o trabalho dos professores, equipe pedagógica e direção no intuído de eximir o (não-) estudante das responsabilidades pela situação em que se encontra. Passar com a moral ilesa dessas acusações é uma verdadeira prova de sobrevivência.

17/11/2008 – Dia 1.

No dia de nossa partida encontramos o primeiro grande desafio de nossa expedição. Contornar o Cabo Horn de Leste para Oeste não é nada perto do que enfrentamos.

Conversei com os pais de um aluno do ensino médio(reparem: eu disse ensino médio) que tm a convicção, a certeza divina, tão óbvio quanto 1+1=2 de que, uma vez que o aluno não comunica em casa que ele tem tarefas para realizar e trabalhos a entregar, eu, professor dele e de mais 30 colegas dele e ainda mais 7 turmas, totalizando quase 250 alunos, devo registrar na agenda dele (sim! Na do aluno) as tarefas que ele deve fazer.

Resumindo: se os pais não ficaram sabendo em casa que o seu filho deveria entregar um trabalho importante, foi a escola que falhou na comunicação. Espero que as outras 250 famílias não pensem igual.

Foi um baque forte no nosso primeiro dia de viagem e apesar do choque a tripulação se mostra otimista frente aos novos desafios. Se os ventos soprarem mais favoráveis amanhã, o capitão acredita que poderemos retomar o rumo previsto. Que Netuno nos proteja.

Falta 29 dias para terra firme.
Ass: Sor - Contramestre

domingo, 16 de novembro de 2008

Discoteca Básica

Como já faz um tempinho que não coloco nada aqui e a ando na correriavidalocacabulosaénóis, vou colocar uma rapidinha.

Estou escutando nesse exato momento o disco JohnWesley Harding. Pra mim um dos melhores álbuns do Bob Dylan da fase elétrica. Destaque para clássica All Along the Watchtower, que foi regravada pelo Jimi Hendrix.

Não vou fazer nenhuma resenha do disco, simplesmente escutem.

See you folks.
Sor

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Mais Quatro Anos Sapateando.

Continuas aparecendo por aqui?

Para falar um pouco de atualidades, vou dispor rapidamente sobre um tema deveras nausebundo e prometo acabar antes que eu, ou tu vomite: política.

Foram-se as eleições para prefeito e o que mudou? Nada! Puta que pariu! É deprimente pensar que seja qual for o energúmeno que receba 50% mais um dos votos não terá a capacidade, a competência, a vontade, a dedicação e a honestidade suficientes para sequer tentar mudar alguma coisa. Continuamos naquela de escolher o menos pior entre os piores. O menos pior da vez de Porto Alegre é o Fogaça (Vento negro eu sou...) cuja única vantagem em relação a Maria do Rosário é meramente percentual. Se a disputa entre eles fosse resolvida no palitinho (com direito a nega) em vez do voto, a diferença seria - puta que pariu mais uma vez - nenhuma.

Macacos me mordam! De que adianta meter pau na política se no fim das contas quem fode tudo é próprio eleitor. Camaradas lembrem-se: há dois anos os brasileiros, esse povo sofrido (merecidamente), mas alegre de idiota que é, colocou naquele pulgueiro chamado câmara dos deputados, Clodovil, Frank Aguiar (o cãozinho dos teclados) e Maluf (roba, mas faz!).

A colossal merda que é a política brasileira só é o que é porque somos colossais imbecis e provavelmente teríamos as mesmas atitudes que reprovamos, caso fossemos eleitos. Pensem a respeito, mas pensem fazendo a autocrítica.

A política e as ações que dela resultam são de responsabilidade do povo. É dele que emana todo o poder. Pra pensarem sobre isso vou encerrar com dois poemas do Bertolt Brecht.

O Analfabeto Político
Bertolt Brecht

O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.

O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.


Perguntas de um Operário que Lê
Bertolt Brecht

Quem construiu Tebas, a das sete portas?
Nos livros vem o nome dos reis,
Mas foram os reis que transportaram as pedras?
Babilònia, tantas vezes destruida,
Quem outras tantas a reconstruiu?Em que casas
Da Lima Dourada moravam seus obreiros?
No dia em que ficou pronta a Muralha da China para onde
Foram os seus pedreiros? A grande Roma
Está cheia de arcos de triunfo. Quem os ergueu? Sobre quem
Triunfaram os Césares? A tão cantada Bizâncio
Sò tinha palácios
Para os seus habitantes? Até a legendária Atlântida
Na noite em que o mar a engoliu
Viu afogados gritar por seus escravos.

O jovem Alexandre conquistou as Indias
Sòzinho?
César venceu os gauleses.
Nem sequer tinha um cozinheiro ao seu serviço?
Quando a sua armada se afundou Filipe de Espanha
Chorou. E ninguém mais?
Frederico II ganhou a guerra dos sete anos
Quem mais a ganhou?

Em cada página uma vitòria.
Quem cozinhava os festins?
Em cada década um grande homem.
Quem pagava as despesas?

Tantas histórias
Quantas perguntas





Regurgitado por Sor.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Livros Pereginos, Histórias Perenes.

Livros são seres itinerantes.

Essa essência andarilha de tais criaturas é comumente contrariada por pessoas que insistem em aprisioná-los em estantes e armários. Livros foram feitos para serem emprestados e, portanto, são nômades, que até podem voltar para o seu “dono”, mas precisam ser contemplados por novos leitores.

Cada um deles carrega mais do que a história que se propõem a contar. Cada novo leitor acrescenta um novo capítulo ao livro lido. A história de como aquele livro transformou ou acrescentou algo à pessoa que o leu. A história dos bons momentos que passamos durante a leitura e dos lugares onde o lemos. A história de instantes exclusivamente nossos. Uma história invisível, ilegível, que o livro conhece e sabe contar tão bem quanto aquela que carrega em seu título, mas que a outros não revela, pois não faria sentido.

Durante uma leitura, tenho o hábito de imaginar que pessoa conhecida iria gostar de ler tal livro e sempre que tenho a oportunidade procuro emprestá-lo para o lembrado. Acabo que nunca estou só nos momentos em que passo lendo, sou sempre acompanhado pelos possíveis futuros leitores da história que tenho em mãos. Se alguma vez já lhe ofereci algum livro emprestado foi porque me acompanhaste ao longo de suas páginas.

É bem verdade que muitos não voltam para mim, e livros custam dinheiro, mas enfim... De um livro lido perde-se apenas a posse, o resto ninguém nos tira. A minha história está espalhada nos livros que perdi e já me é consolo suficiente imaginar quantas novas histórias já foram e ainda serão acrescentadas à aquela que em cada livro eu escrevi.

Epílogo:

Ele anda inquieto, impaciente. Agita-se na estante embaixo da minha cama como se quisesse me lembrar que já faz três semanas que ele está ali. Acabado, lido. Ele quer ser folheado novamente, lido novamente. Ele quer ler novamente, ler a história de um novo leitor. Três semanas de obsolescência, três semanas fechado, três semanas de pó. Já sei para quem pretendo emprestá-lo e cada vez que o vejo ele me lembra dessa promessa ainda não cumprida. Cada vez que vejo a pessoa me lembro da agonia do livro. Não agüento mais! De sexta não passa!

Encontro vcs nas próximas páginas.
Ass: Sor

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Começando pelo "Principia"


Último cientista medieval ou primeiro cientista moderno?

Seja qual for o ponto de vista que adotamos, Sir Isaac Newton (1643-1627) sempre assume o status de marco, de referência na história do conhecimento humano. E conquistou tal posição através de diversos trabalhos, principalmente nas áreas da Matemática e da Física. Sua mais famosa obra Philosafae Naturalis Principia Mathematica (Princípios Matemáticos de Filosofia Natural), conhecida como “Os Principia”, por ter sido publicada em três volumes, trata das leis da mecânica clássica – as três leis de Newton - e da lei da gravitação universal. Teorias tão sólidas que são aceitas até hoje pela comunidade científica, mais de 300 anos após serem publicadas.

Mas a importância de Newton não se resume aos Principia. Ela vai além. Ao se preocupar rigorosamente com a validação prática de suas teorias e nelas modelar matematicamente os fenômenos que buscava descrever, Newton definiu e consagrou a método científico, uma metodologia para produzir um novo conhecimento ou aperfeiçoar um antigo que consiste, basicamente, em lançar hipóteses, fazer previsões e testa-las experimentalmente.

“Principia e além” é o nome desse blog, que assim como Newton (pouco pretensioso) se propõem a pensar sobre ciência e sobre um pouco de cada coisa a respeito dessa nossa maravilhosamente insignificante vida e das gigantescamente imperceptíveis coisas que assim a tornam.

Ass:
Sor, pessoa gigante, historiador insignificante e epistemólogo imperceptível.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Sorte de hoje.

Você é uma pessoa culta.

Sentenciado pelo orkut menos de 24h depois de eu criar o meu blog e escrever no meu perfil que quem escreve é considerado culto.

Sempre achei que essas frases eram aleatórias, mas após um reflexão superficial cheguei a conclusão de que o orkut tem um funcionário, talvez um astrólogo frustrado, que fica lendo o perfil de todo mundo para decidir qual a melhor frase para o sorte de hoje.

Se bem que astrologia e aleatoriadade são praticamente a mesma coisa... buenas, então nada mudou! Concluímos que a sorte de hoje é, sim, aleatória, e que esse post não serviu pra nada.

Att.
Sor, assessor para assuntos aleatórios.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Suicida responde à questão existencial.

Antes de explicar o porque do nome do blog (questão será elucidada em algun post vindouro) resolvi inaugurar a minha carreira de blogueiro com um post sobre a virgem (opcional) suicida indiana e sua fundamental contribuição na elucidação de uma das grandes questões existenciais com a qual me defronto quase diariamente: professor! Porque diabos (opcional 2) devo aprender essa porcaria (opcional 3) se nunca mais vou precisar saber isso na minha profissão?

Tu já ouviste falar sobre o LHC?

Ainda não? Por tutatis, onde tu andavas...?

Para quem ouviu alguma notícia, ela certamente deveria estar acompanha dos tais temores do fim do mundo. Na realidade esse deveria ser o assunto principal da notícia a não o LHC em si, mas enfim...

Pois é, desocupado leitor, acreditas que uma menina indiana de 16 anos, com medo do Juízo Final Hadrônico achou que seria melhor idéia beber pesticida e morrer (óbvio) do que presenciar os tais buracos negros, gerados pelas colisões, separar cada átomo do seu corpo e tudo mais nessa rídicula esfera azul e universo próximo devido à forças de maré?

Consideração número 1: se você não se matou é porque das duas, uma: ou possui senso crítico ou é preguiçoso. E se você possui senso crítico agradeça ao seu professor(a) de ciências naturais (e humanas também) e por favor não me pergunte mais o motivo de você ter que estudar "coisas que não servem pra nada".

Consideração número 2: essa nasceu na sala dos professores e só poderia ser fruto da filosófica conversa entre dois físicos, evidentemente. Eis uma uma breve reprodução extra-oficial:

"Tu viu a guria que se matou por causa do LHC?"
"Vi sim! Que tosquera!"
"Cara, se o mundo fosse acabar quarta-feira eu é que não iria querer perder. Deve ser muito bala."
"Bah pior. deve ser um evento único (inquestionavelmente)"
" E tem mais: quarta é o meu dia de folga. Que sorte! Ia poder ficar em casa assistindo."

Consideração número 3: se tu não entendestes a moral da consideração número 1 considera-te um suicída em potencial e se o LHC ainda for motivo de consternação, mantenha-se vivo até o próximo post.

Saudações terráqueos.