quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Mais Quatro Anos Sapateando.

Continuas aparecendo por aqui?

Para falar um pouco de atualidades, vou dispor rapidamente sobre um tema deveras nausebundo e prometo acabar antes que eu, ou tu vomite: política.

Foram-se as eleições para prefeito e o que mudou? Nada! Puta que pariu! É deprimente pensar que seja qual for o energúmeno que receba 50% mais um dos votos não terá a capacidade, a competência, a vontade, a dedicação e a honestidade suficientes para sequer tentar mudar alguma coisa. Continuamos naquela de escolher o menos pior entre os piores. O menos pior da vez de Porto Alegre é o Fogaça (Vento negro eu sou...) cuja única vantagem em relação a Maria do Rosário é meramente percentual. Se a disputa entre eles fosse resolvida no palitinho (com direito a nega) em vez do voto, a diferença seria - puta que pariu mais uma vez - nenhuma.

Macacos me mordam! De que adianta meter pau na política se no fim das contas quem fode tudo é próprio eleitor. Camaradas lembrem-se: há dois anos os brasileiros, esse povo sofrido (merecidamente), mas alegre de idiota que é, colocou naquele pulgueiro chamado câmara dos deputados, Clodovil, Frank Aguiar (o cãozinho dos teclados) e Maluf (roba, mas faz!).

A colossal merda que é a política brasileira só é o que é porque somos colossais imbecis e provavelmente teríamos as mesmas atitudes que reprovamos, caso fossemos eleitos. Pensem a respeito, mas pensem fazendo a autocrítica.

A política e as ações que dela resultam são de responsabilidade do povo. É dele que emana todo o poder. Pra pensarem sobre isso vou encerrar com dois poemas do Bertolt Brecht.

O Analfabeto Político
Bertolt Brecht

O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.

O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.


Perguntas de um Operário que Lê
Bertolt Brecht

Quem construiu Tebas, a das sete portas?
Nos livros vem o nome dos reis,
Mas foram os reis que transportaram as pedras?
Babilònia, tantas vezes destruida,
Quem outras tantas a reconstruiu?Em que casas
Da Lima Dourada moravam seus obreiros?
No dia em que ficou pronta a Muralha da China para onde
Foram os seus pedreiros? A grande Roma
Está cheia de arcos de triunfo. Quem os ergueu? Sobre quem
Triunfaram os Césares? A tão cantada Bizâncio
Sò tinha palácios
Para os seus habitantes? Até a legendária Atlântida
Na noite em que o mar a engoliu
Viu afogados gritar por seus escravos.

O jovem Alexandre conquistou as Indias
Sòzinho?
César venceu os gauleses.
Nem sequer tinha um cozinheiro ao seu serviço?
Quando a sua armada se afundou Filipe de Espanha
Chorou. E ninguém mais?
Frederico II ganhou a guerra dos sete anos
Quem mais a ganhou?

Em cada página uma vitòria.
Quem cozinhava os festins?
Em cada década um grande homem.
Quem pagava as despesas?

Tantas histórias
Quantas perguntas





Regurgitado por Sor.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Livros Pereginos, Histórias Perenes.

Livros são seres itinerantes.

Essa essência andarilha de tais criaturas é comumente contrariada por pessoas que insistem em aprisioná-los em estantes e armários. Livros foram feitos para serem emprestados e, portanto, são nômades, que até podem voltar para o seu “dono”, mas precisam ser contemplados por novos leitores.

Cada um deles carrega mais do que a história que se propõem a contar. Cada novo leitor acrescenta um novo capítulo ao livro lido. A história de como aquele livro transformou ou acrescentou algo à pessoa que o leu. A história dos bons momentos que passamos durante a leitura e dos lugares onde o lemos. A história de instantes exclusivamente nossos. Uma história invisível, ilegível, que o livro conhece e sabe contar tão bem quanto aquela que carrega em seu título, mas que a outros não revela, pois não faria sentido.

Durante uma leitura, tenho o hábito de imaginar que pessoa conhecida iria gostar de ler tal livro e sempre que tenho a oportunidade procuro emprestá-lo para o lembrado. Acabo que nunca estou só nos momentos em que passo lendo, sou sempre acompanhado pelos possíveis futuros leitores da história que tenho em mãos. Se alguma vez já lhe ofereci algum livro emprestado foi porque me acompanhaste ao longo de suas páginas.

É bem verdade que muitos não voltam para mim, e livros custam dinheiro, mas enfim... De um livro lido perde-se apenas a posse, o resto ninguém nos tira. A minha história está espalhada nos livros que perdi e já me é consolo suficiente imaginar quantas novas histórias já foram e ainda serão acrescentadas à aquela que em cada livro eu escrevi.

Epílogo:

Ele anda inquieto, impaciente. Agita-se na estante embaixo da minha cama como se quisesse me lembrar que já faz três semanas que ele está ali. Acabado, lido. Ele quer ser folheado novamente, lido novamente. Ele quer ler novamente, ler a história de um novo leitor. Três semanas de obsolescência, três semanas fechado, três semanas de pó. Já sei para quem pretendo emprestá-lo e cada vez que o vejo ele me lembra dessa promessa ainda não cumprida. Cada vez que vejo a pessoa me lembro da agonia do livro. Não agüento mais! De sexta não passa!

Encontro vcs nas próximas páginas.
Ass: Sor